Axolote: A Misteriosa e Fascinante Salamandra do México

O axolote, um anfíbio enigmático e endêmico do México, chama a atenção imediatamente com suas brânquias avermelhadas que circundam sua cabeça, dando-lhe uma aparência tão peculiar quanto fascinante. No entanto, esses incríveis seres estão em perigo de extinção, tornando urgente a necessidade de sua preservação.

por Luca Esteves
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Uma Joia do México para o Mundo

Originárias da região central do México, essas salamandras agora cativam a curiosidade global. Com brânquias que podem variar de cor e disposição ao redor da cabeça, esses anfíbios possuem uma habilidade extraordinária que os destaca ainda mais: a regeneração. Eles são capazes de regenerar membros inteiros e até mesmo órgãos do sistema nervoso, transformando-os em modelos valiosos para estudos em biologia do desenvolvimento e biologia regenerativa.

Potenciais Revolucionários na Medicina Regenerativa

A investigação dos mecanismos que permitem esse animal de regenerar suas partes do corpo oferece um vislumbre promissor para a medicina regenerativa. Compreender esses processos em vertebrados pode revolucionar tratamentos médicos, proporcionando avanços significativos na cura de lesões e doenças degenerativas em humanos.

Resumo

  • O axolote (Ambystoma mexicanum) é um anfíbio nativo do México.
  • Seu nome tem origem asteca e está ligado à mitologia da região central da Mesoamérica.
  • Este anfíbio mantém características larvais mesmo após atingir a fase reprodutiva.
  • Pode apresentar variações de coloração, sendo encontrado nas formas selvagem, melanoide, xântico, albino ou branca.
  • Destaca-se por sua notável capacidade de regeneração, podendo restaurar tecidos e órgãos inteiros.
  • Não é nativo do Brasil, sendo encontrado apenas em laboratórios ou criado em cativeiro.
  • Encontra-se em risco de extinção na natureza.
  • Devido à sua morfologia única, é um organismo que atrai muita atenção e fascínio.

O que é o Axolote?

Conhecido cientificamente como Ambystoma mexicanum, esta é uma espécie de anfíbio que pertence ao gênero Ambystoma. Este gênero inclui outras 32 espécies que se estendem desde o sul do Canadá até a região central do México. No México, foram identificadas 17 espécies diferentes de Ambystoma, sendo o axolote uma delas.

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Ambystoma mexicanum

Um Modelo de Estudo Científico

Este animal exótico e lindo é amplamente utilizado como organismo modelo em estudos de Biologia do Desenvolvimento e Biologia Regenerativa devido à sua notável capacidade de regeneração. Esses campos da biologia buscam entender os mecanismos que controlam o desenvolvimento dos seres vivos. Através de pesquisas com esses seres, cientistas têm feito avanços significativos na compreensão da regeneração em vertebrados.

A Origem do Nome

O nome “axolote” tem origem na cultura asteca e significa “monstro da água” ou “cachorro da água”. Segundo a mitologia mesoamericana, Xolotl, irmão gêmeo do deus Quetzalcoatl, enfrentou um destino cruel: ser sacrificado para manter os ciclos do Sol. Para escapar da morte, Xolotl se escondeu nas águas, transformando-se no axolote que conhecemos hoje.

Características Fascinantes

Os axolotes, conhecidos por sua aparência intrigante e habilidades notáveis, podem crescer até 30 centímetros de comprimento e pesar entre 125 e 180 gramas. Uma das características mais impressionantes destes anfíbios é a presença de brânquias externas, que geralmente exibem uma coloração avermelhada e estão dispostas ao redor da cabeça. Esta particularidade, típica dos estágios larvais de outras espécies, persiste nos axolotes adultos, acrescentando ao seu charme único.

Outra característica curiosa dos axolotes é a presença de uma cauda, comum em larvas, mas que também permanece nos indivíduos adultos, destacando ainda mais sua aparência peculiar.

Habitat do Axolote

O axolote é uma espécie endêmica da região central do México, vivendo exclusivamente em corpos de água. Atualmente, seu habitat natural se restringe ao Lago Xochimilco, o último reduto dos axolotes na natureza, situado próximo à Cidade do México. Este ambiente aquático é crucial para a sobrevivência desta espécie em risco de extinção.

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Reprodução do Axolote

Ao contrário da maioria dos anfíbios, os axolotes não passam por uma metamorfose completa entre as fases juvenil e adulta. Eles mantêm suas características juvenis mesmo após atingir a maturidade reprodutiva, um fenômeno conhecido como neotenia. Esta peculiaridade biológica contribui para seu fascínio e importância científica.

Alimentação do Axolote

Desde o nascimento, eles se alimentam principalmente de zooplâncton, um conjunto de microrganismos aquáticos, incluindo rotíferos e cladóceros. Utilizando uma boca larga, equipada com pequenos dentes e uma língua retrátil, eles se alimentam principalmente por sucção. Na fase adulta, sua dieta inclui pequenos peixes, complementando suas necessidades nutricionais e mantendo seu status como predadores aquáticos eficazes.

Variedades Fascinantes

Os Axolotes apresentam uma diversidade de fenótipos baseados nas variações de coloração, determinada por quatro genes específicos que afetam sua pigmentação. Quando esses genes não sofrem mutações, essas salamandras exibem a coloração típica da espécie selvagem. No entanto, mutações nesses genes podem resultar em quatro distintos padrões de coloração, criando fenótipo únicos e visualmente intrigantes. Vamos conhecer cada um deles:

Axolote Selvagem

Esta salamandra é o tipo mais comum encontrado na natureza, exibindo uma coloração verde-oliva escura. Seus olhos também são escuros, conferindo-lhe uma aparência misteriosa e cativante.

Axolote Melanoide

À medida que ele se desenvolve, sua coloração torna-se densamente escura, ainda mais intensa do que a do Axolote selvagem. Esta tonalidade profunda faz com que se destaque entre outras variedades.

axolote selvagem nadando no aquario
Axolote melanoide

Axolote Axântico

O Axântico possui uma coloração acinzentada, distinguindo-se do melanoide por apresentar pequenas manchas densas na região da cabeça. Sua aparência é única e facilmente reconhecível.

Axolote Albino

Este animal é um espetáculo à parte, devido à ausência de melanina. Sua pele exibe um amarelo intenso, enquanto os olhos, também desprovidos de melanina, apresentam uma aparência quase transparente, aumentando seu fascínio.

axolote albino

Axolote Branco

Com olhos escuros e pigmentação normal, o axolote branco se destaca pelo corpo sem pigmentação. À medida que amadurece, a quantidade de melanócitos diminui, resultando em um indivíduo adulto com pele clara, mas olhos escuros, proporcionando um contraste visual intrigante.

axolote branco nadando em seu habitat
Axolote branco

Cada uma dessas variedades de axolote não só contribui para a diversidade biológica da espécie, mas também alimenta a curiosidade científica e o encanto popular em torno desses incríveis anfíbios.

A Fascinante Capacidade de Regeneração do Axolote

Os axolotes possuem uma habilidade surpreendente: a regeneração de diversas partes de seus corpos, desde membros externos até órgãos internos complexos como a medula espinhal, cérebro e mandíbula. Esta capacidade única faz do axolote um objeto de estudo crucial na Biologia regenerativa. Entender os mecanismos que permitem essa regeneração pode revelar segredos vitais sobre como os tecidos e órgãos se recompõem em vertebrados, abrindo portas para avanços significativos na Medicina regenerativa, com potencial para revolucionar tratamentos de lesões e doenças degenerativas em humanos.

Axolotes no Brasil: Existe Algum?

Embora não sejam nativos do Brasil, eles podem ser encontrados no país, mas apenas em condições controladas, como laboratórios e cativeiros. Estes anfíbios são endêmicos do México e, na natureza, só existem naquela região específica. No entanto, seu charme e importância científica garantiram sua presença em diversos países ao redor do mundo.

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Ameaça de Extinção

Infelizmente, esses seres enfrentam um risco crítico de extinção na natureza. Várias ameaças comprometem sua sobrevivência em seus habitats naturais. Entre as principais ameaças estão:

  • Perda de Habitat: A urbanização altera drasticamente os ambientes naturais dos axolotes, modificando as condições físico-químicas essenciais para sua sobrevivência.
  • Espécies Invasoras: A introdução de novos competidores e predadores aumenta a pressão sobre os recursos disponíveis, dificultando a vida dos axolotes.
  • Doenças: A suscetibilidade a doenças microbiológicas e nutricionais afeta gravemente suas populações.
  • Captura para Comércio: A demanda por axolotes como animais de estimação contribui para a redução de suas populações selvagens.

Os esforços de conservação são essenciais para proteger esses incríveis animais e garantir que continuem a inspirar e contribuir para a ciência por muitas gerações.

Curiosidades Fascinantes sobre os Axolotes

  • Ícones da Cultura Mexicana: Eles estão profundamente enraizados na cultura mexicana, sendo considerados criaturas folclóricas que habitam o imaginário popular. Seu charme transcende fronteiras, e eles são celebrados não apenas no México, mas globalmente. Representações deles podem ser encontradas em uma variedade de formas artísticas, incluindo literatura, esculturas, obras de arte e até videogames.
  • Confusão Histórica com Peixes e Répteis: A habilidade de manter características juvenis na fase adulta confundiu muitos ao longo da história. Colonizadores espanhóis inicialmente pensaram que eram uma espécie de peixe. Anos depois, naturalistas acreditaram que os axolotes eram larvas de um réptil desconhecido. A surpresa foi grande quando descobriram que essas “larvas” podiam se reproduzir, revelando que eram, na verdade, a forma adulta de uma espécie de anfíbio.
  • Viagem para a Europa: Em 1863, uma expedição francesa trouxe 34 deles do México para a Sociedade Zoológica Imperial em Paris. A peculiaridade e o fascínio desses animais rapidamente capturaram o interesse europeu, marcando o início da sua disseminação pelo mundo. Desde então, essas salamandras mexicanas têm encantado e intrigado cientistas e entusiastas com suas notáveis características e histórias culturais.

Fontes

CHAPARRO-HERRERA, D.; NANDINI, S.; SARMA, S. Effect of water quality on the feeding ecology of axolotl Ambystoma mexicanum. Journal of Limnology, v. 72, n. 3, p. e46, 2013.

FROST, S.; BRIGGS, F.; MALACINSKI, G. A color atlas of pigment genes in the Mexican axolotl (Ambystoma mexicanum). Differentiation, v. 26, n. 1-3, p. 182-188, 1984.

SALDOVAL-GUZMÁN, T. The axolotl. Nat Methods, v. 20, p. 1117–1119, 2023. https://doi.org/10.1038/s41592-023-01961-5

RAMÍREZ-MACAL, D. et al. Descripción Morfométrica de la Anatomía Externa e Interna del Ambystoma mexicanum. International Journal of Morphology, v. 40, n. 2, p. 401-406, 2022.

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