Lipidose Hepática Felina ou Esteatose Hepática Felina

por Luca Esteves

A Lipidose Hepática Felina, também conhecida como Esteatose Hepática Felina, é uma disfunção hepatobiliar que afeta gatos domésticos especialmente de condição corporal elevada (obesos) os quais sofreram um período de anorexia ou uma privação alimentar prolongada (CULLEN, 2009 e CENTER, 2005 apud NEVES, 2009). Segundo SCHERK & CENTER apud NEVES (2009), no caso da Lipidose Hepática Felina, grande parte dos felinos que chegam a desenvolver essa patologia são obesos e, ao sofrerem de um processo patológico causador de anorexia, mobilizam os ácidos gordos das reservas adiposas através de lipólise.

Esse distúrbio metabólico é causado pelo acúmulo de triglicerídeos nos hepatócitos do fígado onde, durante um período de anorexia, algumas adaptações são feitas de forma a debelar a diminuída ingestão calórica e de nutrientes, onde a glicose deixa de ser o principal substrato energético, dando lugar aos ácidos gordos (NEVES, 2009). Em outras palavras, quando o fígado não tem mais de onde retirar a energia para manter a homeostase do animal, ocorre uma mobilização da gordura ainda existente no organismo para o fígado, para que esta seja metabolizada e transformada em energia necessária.

Essa mobilização de gordura para o fígado causa um certo desequilíbrio metabólico quando feita em excesso pelo organismo, que se caracteriza pela taxa de síntese hepática de triglicerídeos ser maior que a taxa de dispersão dos mesmos, o que pode levar o animal a óbito por afetar as funções hepáticas.

A Lipidose Hepática Felina pode ser de caráter idiopático ou secundário.

Um dos sinais clínicos mais perceptíveis nos gatos acometidos pela Lipidose Hepática Felina ou Esteatose Hepática Felina é a icterícia.
Um dos sinais clínicos mais perceptíveis nos gatos acometidos pela Lipidose Hepática Felina ou Esteatose Hepática Felina é a icterícia.

A LHF idiopática desenvolve-se a partir da ingestão inadequada de alimento durante períodos de perda forçada de peso, privação de alimento não intencional, mudança na alimentação, alterações ambientais, medicações tóxicas (paracetamol, cataflam, voltaren) ou estresse (SILVA, 2012). Já a LHF secundária é causada por uma variedade de outros fatores, incluindo, obstrução do trato urinário inferior, pancreatite, obesidade, desequilíbrios hormonais (Síndrome de Addison, Síndrome de Cushing, Hipertireoidismo), FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina), FELV (Vírus da Leucemia Felina), PIF (Peritonite Infecciosa Felina), tumores e outras doenças subjacentes (LAKE, 2021).

Szabo, Ibrahim, Sunvold, Dickey, Rodgers, Toth, Boissonneault & Bruckner apud Silva (2012) dizem que há uma maior predisposição para o aparecimento de LHF em gatos que já sejam castrados, visto que, por conta de uma atividade física menos intensa, acaba por ocorrer um desequilíbrio entre a energia ingerida e a energia que é consumida pelo organismo do animal.

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Sinais Clínicos da Lipidose Hepática Felina ou Esteatose Hepática Felina

Os sintomas da Lipidose Hepática Felina incluem, perda de apetite, náusea, vômito, constipação ou diarreia e perda de peso. Ainda sobre os sintomas, fraqueza grave e decúbito podem ser sinais indicativos de perturbações eletrolíticas (potássio, fosfato) ou deficiência em tiamina (Center apud SILVA, 2012), icterícia (olhos e pele amarelados) e distúrbios hepáticos. A icterícia costuma ser bastante evidente em 70% dos casos, verificando-se hepatomegalia ligeira não dolorosa à palpação abdominal (SILVA, 2012).

Diagnóstico

O diagnóstico da Lipidose Hepática em Felinos, só pode ser determinado definitivamente através de biópsia hepática. Porém, é necessário entender sobre os riscos anestésicos que um animal afetado pela LHF está disposto, visto que seu fígado já está bem comprometido. Além disso, o diagnóstico não consiste em apenas identificar a presença da LHF, mas saber se existe ou não uma causa subjacente a ela, principalmente das que foram relacionadas mais acima.

Basicamente, o diagnóstico deve se iniciar pelos exames laboratoriais básicos (hemograma, bioquímico e urinálise), perfil de coagulação, diagnóstico imaginológico e, por fim, recolha de amostras hepáticas para análise citológica e/ou histopatológica (SILVA, 2012). Segundo Holan apud Silva (2012), alguns outros exames complementares podem ajudar no descarte de outras doenças concorrentes como, perfil da tireoide, teste para o vírus da leucemia felina/vírus da imunodeficiência felina (FiV/FeLV), imunorreatividade da lipase pancreática felina (fPLI) e radiografias torácicas.

Tratamento

O tratamento da Lipidose Hepática Felina inclui correção da dieta, administração de suplementos nutricionais, controle de peso e tratamento de qualquer doença subjacente. Alimentação com dietas especiais e baixas em gordura, bem como suplementos de proteínas de alta qualidade, podem ajudar a melhorar a função hepática.

Conclusão

É importante lembrar que a Lipidose Hepática Felina é uma doença progressiva e potencialmente fatal, e o tratamento precoce é fundamental para o sucesso. Por isso, é importante que o felino seja levado ao veterinário assim que os sintomas forem identificados. Em resumo, a Lipidose Hepática Felina é uma doença séria que pode afetar a saúde geral dos gatos. É importante trabalhar com um veterinário para identificar e tratar a condição o mais rápido possível, a fim de garantir a saúde e o bem-estar do animal afetado pela LHF.

Escrito por Luca Esteves (PetPedia)

Referências

LAKE, J. Lipidose Hepática em Felinos: A ajuda certa na forma errada. Vídeo do Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BMzNY_n1PdM>. Acessado em: 10/02/2023.

NEVES, Ana C. P. Lipidose Hepática em Felídeos: Revisão Bibliográfica e Estudo de Caso. Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Medicina Veterinária. Lisboa, 2009.

SILVA, Fábia C. H. S. da. Lipidose Hepática Felina. Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária. Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Medicina Veterinária. Lisboa, 2012.

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